quinta-feira, 20 de março de 2025

 

O que me conforta, dia após dia, são as horas de agonia,

Sem forma e sem cor, de tempos em tempos, todos os dias.

Em teus trilhos andamos - és lei regente nos principados.    

Aos teus gatilhos levamos esta vida de seres agoniados.

Somos filhos, recordamos, de outrem também amaldiçoado.


Se alimenta ferozmente da inércia, sentimento familiar.

És reles dor e trauma; a ansiar move-me a ampliar,

Vícios, falhas e fraquezas com seu constante afagar.

Guiados por ti seguimos, com certeza de rumo e destino.

Confortamo-nos na paz de finalmente ter tino.


Temo quedar-me um dia sem ti. Aos meus instrumentos.

Tenho que estar vivo por ti, como norma do pensamento.

És ordem. Prescrita pela insatisfação do pensar,

Me impedes, bendita, de afogar-me em meu mar.


Tu tornas o caminho claro - torções sem opções.

Sem escolher ou decidir, sou ser, sem convicções.

Te sustento em dia e faz-te minha guia,

És doce e íntima, ó querida agonia.

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