Tenho a constante sensaçao de que habito uma dimensao espelhada na qual as pessoas existem mas eu nunca as encontro, seus copos sujos aparecem na pia mas não vejo ninguem beber agua, como seu eu estivesse pilotando um carro em uma corrida que eu não faço parte. Claro que as pessoas existem, claro que as pessoas existem. Claro que as pessoas existem e claro que eu sou uma pessoa também.
Olhar para carros não é o mesmo que olhar para pessoas, eu devo olhar para milhares de carros diferentes todos os dias, figuras monoliticas acelerando monotonamente e fatalmente sempre para a frente dentro de um limite que não existe em lugar nenhum sequer na consciencia humana. Os carros não são pessoas, é claro. Os carros são carros e as pessoas são pessoas. A lei não se materializa diretamente, como toda boa decisão humana ela se materializa como dor, do suplício a ulcera vivemos e morremos pelo limite.