Hoje é meu aniversário, 25 anos. Dizem que é o primeiro quarto da vida, isso considerando uma rara vida de 100 anos... Diria que já é um terço da vida que já passou. Isso faz pensar, e muito. Mas já se foram os dias nos quais os aniversários eram agonizantes e cheios de dúvidas que me levavam a odiar os aniversários. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, eu não sabia quem eu era, não sabia quem eu queria ser e tinha medo de quem eu seria. No dia em que festejavam o dia dos meus anos eu era criança, perdida, indefesa.
O dia de hoje, dia dos completos 25 ciclos, é marcado por maturidade, solidez e fundação. Hoje não tenho agonias, dúvidas ou ódio pelo deus atroz; tenho vontade de ver depressa o que virá ao que finalmente sou e inevitavelmente serei. Pois à parte de todos os poréns e "e se"s, está o único e exclusivo caminho da vida que impera sobre todas as encruzilhadas e este caminho é inevitável. Hoje, depois de 25 anos, já não tento mudar este caminho, apenas tenho me preparado para traçá-lo. Vivo hoje, acima de tudo, pelo amor incondicional à perfeição da experiência humana e nada peço, pois sei que tudo que hei de ter, terei quando houver de ter.
Tornar-te ás só quem tu sempre foste.
O que te os deuses dão, dão no começo.
De uma só vez o Fado
Te dá o fado, que és um.
A pouco chega pois o esforço posto
Na medida da tua força nata -
A pouco, se não foste
Para mais concebido.
Contenta-te com seres quem não podes
Deixar de ser. Ainda te fica o vasto
Céu pra cobrir-te, e a terra,
Verde ou seca a seu tempo.
Ricardo Reis 05/1921
São Paulo, 26 de Maio de 2025